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Mapa do Ensino Superior aponta que 57% das matrículas pertencem a mulheres

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Elas também são maioria nas áreas de Ciências Sociais, Jornalismo e Informação (Foto: Agência Brasil)

No Brasil, o perfil dos estudantes de ensino superior é de mulheres brancas, de 19 a 24 anos, que estudam à noite, fizeram o ensino médio em escola pública, moram com os pais e trabalham para ter uma renda de até dois salários mínimos.

Nas instituições de ensino superior públicas e nas privadas, a maioria dos alunos vieram do ensino médio público. No ensino superior privado, 68,5% dos alunos vieram do ensino médio público e 31,5% do privado. Já nas instituições de ensino superior público, 60,1% veio do ensino médio público e 39,9% do privado.

É o que mostra o Mapa do Ensino Superior no Brasil 2020, divulgado pelo Instituto Semesp, entidade que representa mantenedoras de ensino superior de todo o Brasil. Para a elaboração do estudo, o instituto usou os dados do Censo da Educação, referentes a 2018, divulgados pelo Inep em 2019, além de outras fontes, como Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

Maioria Feminina

Segundo a pesquisa, as mulheres são 57% dos estudantes matriculados em instituições de ensino superior. Nos cursos de licenciatura, área de saúde e Bem-Estar, por exemplo, elas ocupam mais de 70% das vagas. Nos cursos de bacharelado, esse número é de 54,9%; elas também são maioria nas áreas de Ciências Sociais, Jornalismo e Informação.

Ensino excludente e desigualdade

Daqueles matriculados nos cursos de instituições privadas de ensino superior em 2018, 55% são brancos e nas instituições públicas 48,8%. Aqueles que se declaravam de cor preta estavam em 11% nas públicas, e em 7,9 nas privadas. Os pardos passaram de 27%, em 2010, para 34% nas privadas; e de 27,6% para 36,9% nas públicas.

O diretor executivo do Semesp, Rodrigo Capelato avalia que o ensino superior brasileiro é excludente e, apesar das cotas terem ajudado, a questão do acesso às populações da raça/cor preta e parda ainda está longe de ser resolvida. Capelato informa que 14,7% dos jovens entre 18 e 24 anos que se autodeclaram pretos e 11,7% dos que se autodeclaram pardos estão matriculados em uma graduação.

Segundo o estudo, quanto maior a classe social, maior a condição de cursar o ensino superior: 61,9% dos jovens de 18 a 24 anos da classe A cursam o ensino superior, enquanto que 10,5% dos jovens da classe E acessam uma graduação. Três a cada quatro alunos de 18 a 24 anos da classe C que frequentam o ensino superior estão matriculados em uma instituição de ensino superior privada.

Financiamento Estudantil

Nota-se uma evolução à diversidade dos estudantes, se comparado 2010 e 2018. Na rede pública, essa evolução é atribuída às políticas de cotas, enquanto na rede privada, a programas de financiamento estudantil como o Fies, mas que vem estando em declínio, afetando assim, o progresso nos próximos anos.

De acordo com o levantamento, a partir de 2015, com a crise do Fies, foi verificado que o financiamento feito pelo próprio estudante tem crescido na mesma proporção da queda do Fies do governo federal. Esse tipo de financiamento é uma solução desenvolvida para atenuar a redução do financiamento pelo estado.

Se, em 2012, 14,1% dos ingressantes no ensino superior usavam dos próprios recursos para pagar seus cursos, em 2018 este percentual subiu para 34,8%. Porém, os financiamentos via fies caíram para 2,6% em 2018.

Empregabilidade e renda do estudante

Alunos de instituições privadas, 61,8% trabalham e estudam; e 69% deles têm carteira assinada. Já os alunos das instituições públicas 40,3% trabalham enquanto estudam; e destes, 49,5% têm a carteira assinada. Enquanto 38,9% dos estudantes de instituições de ensino superior privadas têm uma carga de 31 a 40 horas semanais de trabalho, no caso dos que estudam em instituições públicas este percentual é de 33,1%.

A carga horária é superior entre os estudantes da rede privada, pois, na maioria das vezes precisam trabalhar para se sustentar e pagar as mensalidades, enquanto os alunos das instituições públicas, geralmente, trabalham para ganhar experiência.

Faixa etária, turno e condição no domicílio

Mais da metade das matrículas são de alunos com idade entre 19 e 24 anos. Já os alunos com idade entre 25 e 29 anos está na faixa dos 18%. Entre eles a maioria faz cursos noturnos. No caso das entidades públicas, o turno integral vem sendo cursado por 39,2% dos alunos matriculados. Já nas privadas, 4,2%.

Ainda segundo o estudo, a maior parte dos alunos não são os responsáveis pelo domicílio onde residem: 64,3% dos estudantes de instituições públicas e 52,3% são filhos dos chefes de suas famílias; e 21,3% nas privadas e 14,3% nas públicas são os responsáveis por seus domicílios.

Ensino à distância

Enquanto as matrículas nos cursos presenciais caíram para 2,1%, por conta da diminuição do número de financiamentos feitos pelo Fies, as matrículas de EAD aumentaram em 16,9%. Apesar disso, a taxa de escolarização líquida do país não se altera muito, ficando em 17,9%. O diretor-executivo do Semesp, Rodrigo Capelato, informou que, a projeção para 2020 é de queda de 7,6% no número de matrículas e de 13,9% de ingressantes.

Segundo Capelato, o setor do ensino superior segue a tendência de queda do número de estudantes nos cursos presenciais e aumento de estudantes na modalidade EAD. Ele, no entanto, destaca que o crescimento da modalidade EAD tem acontecido devido a uma troca de alunos em cursos presenciais no turno da noite pelo ensino a distância.

Cursos mais procurados

Entre os cursos de EAD pelas instituições privadas, os que mais despertam interesse dos alunos são os de pedagogia, administração e contabilidade. Já nas públicas são os de pedagogia, matemática para formação de professores, administração pública, engenharia de produção e letras português, para formação de professores.

Já nas presenciais, na rede privada, os cursos mais procurados são direito, administração, enfermagem, engenharia civil e psicologia. Enquanto que na rede pública são pedagogia, direito, administração, medicina, engenharia Civil e agronomia.

Taxa de evasão

Apesar de alta, a taxa de evasão presencial tem se mantido estável nos últimos anos, variando de 24,9%, em 2013, para 26,5% em 2018. Já no caso dos cursos de ensino superior à distância, ela é mais alta, passando de 28,8% para 36,5% no mesmo período, demonstrando tendência de crescimento, o que, segundo os pesquisadores, “aponta que o modelo precisa ser aperfeiçoado”.

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