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Osasco Voleibol Clube: conheça a história e tradição do maior campeão feminino paulista

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Osasco Voleibol Clube: conheça a história e tradição do maior campeão feminino paulista

Time em partida quando se chamava Finasa Osasco em 2008 (Divulgação/João Pires/ZDL)

Em 2022, a equipe de vôlei feminina osasquense completa 26 anos de vida, acumulando títulos, desafios e superações. O time surgiu por meio de uma iniciativa do Banco de Crédito Nacional (BCN), que decidiu ampliar seu investimento no esporte. O banco paulista foi fundado em 1929 e deu início ao projeto BCN Esportes em 1987, na Universidade Metodista de Piracicaba, SP, com uma equipe feminina adulta de basquete, juntamente com Núcleos de Formação da modalidade. Algum tempo depois, o Banco de Crédito Nacional (BCN) deixou de ser patrocinador para tornar-se mantenedor do time que recebeu o nome de BCN.

O Programa BCN Esportes visava formar novos atletas e divulgar o valor do esporte por todo o País e, para a ampliação do projeto, foi criado um time feminino de vôlei BCN Guarujá. Foi somente em 1996 que o grupo BCN decidiu mudar a sede para Osasco, com o intuito de dar continuidade ao projeto que cresceu e mudou de nome para BCN Osasco. Em seu primeiro ano na cidade, contrata o ex-treinador do Sollo/Tietê, Cacá Bizzocchi, que conduz a equipe ao primeiro título paulista na nova cidade. O jogo foi no dia 3 de novembro de 1996, no ginásio José Liberatti, em Osasco, onde a torcida osasquense pôde acompanhar pela primeira vez o time da casa ser campeão após derrotar o JC Amaral Recra (Ribeirão Preto) por 3 a 1. Este era o início de uma trajetória vitoriosa para futuramente se tornar o maior campeão paulista com 16 títulos estaduais de acordo com a Federação Paulista de Vôlei.

A chegada do Bradesco
No ano de 1997, o BCN foi adquirido pelo Banco Bradesco, que ampliou as dimensões do programa e expandiu seu núcleo de formação de jogadoras profissionais. A iniciativa revelou as campeãs olímpicas: Paula Pequeno, Jaqueline e Mari, que venceram os Estados Unidos na final de 2008 em Pequim.

Além do investimento nas categorias de base, a equipe também contratou peças importantes e vencedoras como: Ana Moser, Fernanda Garay, Thaísa, Sheilla, Dani Lins e Natália. Além das atletas, dois grandes treinadores merecem destaque ao longo da história do time. O primeiro deles é José Roberto Guimarães, tricampeão da Superliga, que dirigiu o time entre 2000 e 2005. É também multicampeão pela Seleção Brasileira, sendo o único técnico do mundo campeão olímpico com seleções de ambos os sexos. Luizomar de Moura, que já foi auxiliar da seleção feminina e está em Osasco desde 2006, é outro nome vital para o Osasco. Sob o seu comando, a equipe conquistou duas Superligas, quatro Sul-Americanos e o Mundial de Clubes inédito em 2012.


Osasco Voleibol Clube: conheça a história e tradição do maior campeão feminino paulista

Comemoração após conquista do Mundial 2012 (Divulgação/FIVB)

Fim da era Bradesco e acordo com a Nestlé
No ano de 2003, em virtude de mudanças estruturais no Bradesco, a marca BCN deixa de existir e assim o projeto social é renomeado para Finasa/Osasco, que durou até 2009, quando o banco decidiu encerrar o projeto na categoria adulta e se estabilizar apenas nas categorias de base. Após alguns meses de indefinição, foi anunciada a formação de uma nova equipe adulta por meio da Prefeitura de Osasco em parceria com a indústria de alimentos e bebidas Nestlé, que voltava ao esporte após dez anos de ausência. Essa nova parceria rendeu muitos títulos importantes, com destaque especial para o Mundial de Clubes de 2012.

Conforme noticiado pelo portal de notícias “R7”, em matéria sobre o mundial em outubro de 2012, a equipe osasquense tinha uma verdadeira seleção em quadra, uma vez que boa parte do elenco da Seleção Brasileira que havia conquistado o bi-campeonato olímpico em Londres, jogou também pelo então chamado Nestlé Osasco na cidade de Doha, no Catar. O elenco contava com Sheilla, Jaqueline, Thaísa, Adenízia e Fernanda Garay, que foram decisivas para a inédita conquista. O adversário da decisão foi o Rabita Baku, campeão no ano anterior. Mesmo assim, a equipe brasileira não tomou conhecimento das adversárias e venceram o jogo com certa tranquilidade por três sets a zero, parciais de 25-16, 25-14 e 25-17, em apenas uma hora e oito minutos de partida.

O ano de 2017 foi o último com o patrocínio da Nestlé. Além das conquistas, é importante ressaltar que a presença massiva da torcida naquele ano bateu o recorde de maior público em edições da Superliga, com mais de 28 mil espectadores em 11 jogos. O clube também detém o maior número de pessoas em uma partida, o recorde aconteceu na derrota contra o Praia Clube, pela Superliga, em 16 de fevereiro de 2012, quando recebeu a capacidade máxima de 4 mil pessoas, no ginásio José Liberatti.

Novos patrocinadores e fim da hegemonia em São Paulo
Com o fim do contrato com a Nestlé, a equipe osasquense recorreu a patrocinadores regionais. O clube fechou parceria com o Audax, clube de futebol de Osasco, e outras empresas regionais em 2018. Para a temporada, a equipe reformulou o elenco e reuniu três campeãs olímpicas: Paula Pequeno, Walewska e Carol Albuquerque, mesmo assim o time perdeu a hegemonia em São Paulo e foi derrotado no Campeonato Paulista, após vencer por seis anos seguidos, pelo Sesi/Vôlei Bauru por 3 a 2, nas duas partidas da final.

Para a temporada 2019/2020, Osasco/Audax sediou um grande evento anunciando reforços e novos patrocinadores. O evento aconteceu no Teatro Glória Giglio, Osasco, e contou com a presença de jornalistas de todo o País e do mundo, além do prefeito Rogério Lins (Podemos). A equipe buscou outros patrocinadores para se reerguer depois de uma temporada frustrante. Além de renovar os contratos com Audax e EcoOsasco, o time pôde contar com o retorno do Bradesco como patrocinador da equipe, dez anos depois de o banco deixar o vôlei profissional para manter apenas a categoria de base. Também fechou com a gigante do delivery iFood, sediada em Osasco, São Cristovão Saúde, Reserva Raposo e Hummel como fornecedora de equipamentos esportivos. Para a disputa dos campeonatos, o time apresentou os reforços: as centrais Mara Leão e Bia, a levantadora Roberta Ratzke, a Sérvia Ana Bjelica e contou com a volta da Ponteira Jaqueline que é cria do time.

Nas competições, a equipe ficou novamente com o vice do Campeonato Paulista, perdendo o primeiro jogo em Barueri, por 3 a 0, e o segundo no José Liberatti, por 3 a 2, para o São Paulo/Barueri. Já na Superliga, terminou em quinto lugar, no auge da pandemia do covid-19, que encerrou a competição. No ano seguinte, com o fim do contrato com o Audax, o grupo São Cristóvão Saúde assumiu a dianteira como patrocinador master e detentor dos naming rights (direito aplicado à concessão da propriedade nominal de um determinado local a uma marca).

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Osasco Voleibol Clube: conheça a história e tradição do maior campeão feminino paulista

Elenco Atual em partida  desse ano (Divulgação/Carol Oliveira Fotografia-ZDL)

Retorno de Tandara, fim do jejum e polêmicas
Em 2020, a jogadora brasiliense Tandara Caixeta retornou ao Osasco São Cristóvão. Sua volta trouxe o fim do jejum em títulos estaduais e também muitas polêmicas. No Campeonato Paulista, Tandara foi uma das melhores da equipe na competição, sendo eleita a MVP (Melhor jogadora da partida em Inglês) na final da competição, com 37 pontos. A última partida no Ginásio Panela de Pressão, em Bauru, sobrou emoção, e foi definida somente no Golden Set, com vitória de Osasco por 25 a 22.

O bom desempenho da atleta garantiu lugar na Seleção Brasileira, comandada pelo ex-treinador da equipe de Osasco, José Roberto Guimarães, que atua desde 2003 no comando do time feminino. Convocada para as Olimpíadas de 2020, a atleta era titular e um dos principais nomes, até ser flagrada no doping pela Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem (ABCD), em 5 de agosto de 2020, pela substância Ostarina, que pertence a classe dos anabolizantes e é proibida pela Agência Mundial Antidopagem (AMA-WADA). Com isso, a atleta foi suspensa poucas horas antes da semifinal olímpica e está afastada das quadras desde então. Em abril deste ano, a jogadora anunciou sua pré-candidatura à deputada federal pelo MDB e em entrevista ao jornal “Diário da Região” afirmou que é uma forma de retribuir o carinho que recebeu da cidade.

“São novos desafios dentro desse período que estou vivendo na minha vida e que está sendo determinante. O Instituto Tandara Caixeta já é real, já está dentro de Osasco, já abracei a cidade e a cidade me abraçou. Agora estou tentando retribuir todo carinho que a cidade me deu de outra forma. Essa é minha nova empreitada e então até outubro estou completamente dedicada para a minha pré-candidatura”, disse.
A mudança das quadras para a política não significa sua aposentadoria, fora da cena esportiva ela sente saudades e não põe um ponto final em sua carreira, no momento seu foco é a sua candidatura.

“Com certeza sinto saudades das quadras. É onde me formei. Tudo o que conquistei na vida foi através do vôlei, então não vou dizer que hoje estou colocando um ponto, mas talvez uma vírgula em relação a isso. Hoje meu objetivo é totalmente focado na minha pré-candidatura”, finalizou. Fora das quadras, a atleta gerou polêmicas nas redes sociais, quando fez críticas quanto à presença de mulheres transexuais no vôlei feminino.

“Eu acredito muito que cada um tem que ocupar o seu espaço, mesmo, e tem que brigar por isso. Em 2018, eu dei uma entrevista, inclusive eu estava aqui em Osasco, quando eu disse que não concordava. E realmente essa minha opinião não muda, porque eu acredito de verdade que não seja justo”, disse a oposta em entrevista ao Podcast OzPod.

Apesar das declarações, a oposta foi um dos pilares mais importantes na contratação da trans Tiffany, que hoje é companheira de time. A pedido do treinador, a atleta reiterou respeito e também contou na entrevista que convidou a atual companheira para jogar junto. “Mesmo que eu não aceite, mesmo que eu não concorde, eu tenho que respeitar. E por isso eu respeito ela como ser humano e, hoje, dando tudo certo, eu não vejo a hora de jogarmos junto. É uma experiência que eu vou ter com ela, eu não tive isso antes. Nós nunca jogamos juntas. Jogamos contra só”, disse.

Tiffany é a primeira atleta trans a atuar em alto nível no Brasil. A jogadora foi contratada, em junho de 2021, no dia do orgulho LGBTQIA + e hoje é um dos pilares da equipe, na ausência de Tandara. Apesar das declarações polêmicas, as duas se consideram amigas e têm boa relação fora das quadras.

Time planeja nova temporada
Em 2021, a equipe conquistou o Campeonato Paulista e voltou a ter dominância em São Paulo. O time osasquense conquistou o 16º título contra o Barueri. Nos dois jogos da final, o placar terminou com três sets a zero para Osasco, com destaque para Tiffany, que fez 36 pontos ao todo nos dois jogos.

De acordo com a assessoria de imprensa do time, a equipe trabalha para montar a melhor equipe possível para a próxima temporada. Atualmente, o Osasco conta com 16 atletas: Fabi, Key Alvez, Saraelen, Karine, Adams, Silvana, Tiffany, Michelle, Joyce, Carol, Kenya, Fabiola, Paracatu, Ceren, Camila Brait e Carla. O treinador Luizomar de Moura segue à frente do comando do time desde 2006

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