Por Daniel Reininger (Cineclick)
Em seu mais novo filme, Quentin Tarantino reúne um fascinante elenco para homenagear o passado de Hollywood. Apesar de manter seu estilo de direção, repleto de humor negro, momentos de violência explosiva e ótima trilha sonora, Era Uma Vez Em… Hollywood mostra um lado mais sentimental do cineasta. Esse é um de seus trabalhos mais fracos, com um estilo muito mais próximo de Woody Allen do que próprio, mas ainda assim vale o ingresso, especialmente para quem é fascinado pelo passado do cinema.
Rick vive um momento de desespero e decadência e Leonardo Dicaprio faz um trabalho incrível para mostrar o desespero de se tornar obsoleto em Hollywood. Enquanto Brad Pitt encarna de forma perfeita o interessante Cliff, cuja beleza esconde a tristeza de uma vida sem sentido, cujo únicos momentos de prazer são a presença de seu cão e de seu amigo. Ele é quase zen, mas é também violento e a química da dupla é simplesmente memorável.
A atriz Sharon Tate é outro foco importante da trama. Estrela em ascensão, a atriz foi real e sua curta carreira foi ofuscada pela morte brutal, durante a gravidez, por seguidores do líder do culto Charles Manson. Margot Robbie interpreta com leveza a vizinha de espírito livre de Rick. Só que a personagem não é bem desenvolvida e possui menos espaço do que os outros protagonistas. Tarantino parece não querer explorar quem era Sharon Tate deliberadamente, pelo bem da atmosfera de nostalgia.
É justo dizer que Tarantino criou mais um bom filme. Mesmo muito diferente de suas obras anteriores, ainda é possível reconhecer elementos comuns ao cineasta. É claro que o longa possui ótimos momentos, é óbvia a atenção aos detalhes, o cuidado com a trilha sonora e, o mais importante, possui atuações inspiradas, mas a narrativa nunca empolga realmente e o quanto mais esperamos pelo final, ainda mais depois de 3 horas de contemplação, mais decepcionante as coisas ficam.
Com o tempo, parece que o diretor tem se importado menos em fazer bons filmes e mais em colocar todos os elementos que o agradam na tela, custe o que custar. E, aos poucos, essa decisão tem deixado as obras do diretor cada vez menos interessantes.
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