Professores ameaçam greve se aulas retornarem em setembro
O Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), afirma que "Não haverá volta às aulas sem redução drástica da pandemia". O anúncio vem em resposta a declaração do governador de São Paulo, João Dória, de retorno às atividades escolares nesta quarta-feira, 24.
De acordo com o anúncio do Plano São Paulo de retomada de aulas presenciais em todos os níveis de ensino das redes pública e particular, prevista para 8 de setembro, a retomada será em três etapas. Na primeira, as salas terão ocupação máxima de 35%, com revezamento de estudantes durante a semana e sob protocolos rígidos de segurança.
Entre os protocolos estão o distanciamento de 1,5 m entre as pessoas, inclusive na sala de aula, com exceção da educação infantil; recreios e intervalos com revezamento das turmas em horários alternados; horários de entrada e saída escalonados para evitar aglomerações; veto a feiras, palestras, seminários e competições esportivas e outras medidas especificas de higiene pessoal como uso obrigatório de máscara, fornecimento de água potável em recipientes individuais e higienização frequente das mãos com água e sabão ou álcool em gel.
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Para o diretor da APEOESP Cotia, que representa 27 escolas no município e 8 em Vargem Grande Paulista, Matheus Lima, o calendário de retorno às aulas anunciado pelo governo é prematuro. "O Brasil é o epicentro da pandemia, estamos em um patamar elevado de mortes, há muita subnotificação de casos e num momento como esse, tratar de voltar às aulas presenciais, é descabido. Colocar crianças e adolescentes em contato, vai evidentemente gerar contágio e a expansão da pandemia", observa.
O sindicalista destaca que o risco ainda seria maior para os pais e familiares em casa, devido a exposição. "O mais preocupante é que as crianças se contagiem e levem o vírus para suas casas, onde há pessoas do grupo de risco em muitas famílias", destaca.
Matheus alerta para o despreparo das escolas estaduais para a recepção destes alunos. "Quem conhece a rede estadual sabe que no dia a dia da escola, ter papel higiênico nos banheiros, não é o comum. Sabonete, quase nunca tem. Vidro quebrado, falta de água, também são constantes. E há pouquíssimos funcionários para atender toda demanda".
O professor ressalta que na quarta-feira, 24, a APEOESP, em reunião emergencial com a diretoria ratificou a posição contrária a volta das aulas presenciais. "Nós iremos iniciar uma campanha contra o retorno das aulas presenciais enquanto a pandemia estiver nessa situação. Há um manifesto que foi redigido e que vamos buscar apoio das outras entidades e da sociedade civil. E também vamos debater com a categoria a possibilidade de greve, caso o governo seja intransigente e queira cometer irresponsabilidades de colocar as crianças para se contaminarem nas escolar", finalizou.